Confesso que ultimamente tenho andado bem devagar com o Projeto 198 Livros. Em 2019, no primeiro ano do projeto, eu li um total de 11 livros. Em 2020, no segundo ano, foram 6 livros. Agora em 2021, o terceiro ano do projeto (nem acredito que já faz tudo isso!) esse é apenas o quarto livro que eu leio e estamos há poucas semanas do natal.
Mas apesar do ritmo estar um pouco mais devagar do que de costume, em nenhum momento eu pensei em desistir do projeto. Na verdade, uma forma que achei para compensar o atraso da leitura, foi ter decidido recentemente que todos os países onde a língua oficial é o espanhol, eu irei ler livros em espanhol. Dessa maneira, além de praticar meu espanhol vou estar ainda mais próxima da cultura desses países.
A escolha do livro para representar a Costa Rica no projeto foi bem fácil. Primeiro conferi as dicas da Camila Navarro e em seguida também dei uma olhadinha na lista da Ann Morgan. Apesar de cada uma ter lido um livro diferente, as duas recomendaram La Loca de Gandoca, e foi por esse motivo que eu decidi ler esse livro.
La Loca de Gandoca da escritora costa-riquenha Anacristina Rossi é baseado em fatos reais. Ou seja, o livro é uma ficção dos esforços reais pelos quais a própria autora enfrentou. No livro, ela descreve a luta incansável da personagem principal, Daniela Zermat, na tentativa de salvar o refúgio de vida selvagem Gandoca-Manzanillo no litoral da província de Limón, contra a exploração estrangeira para transformar essa área de reserva ambiental em um resort de luxo.
Daniela Zermat era casada com Carlos Manuel e juntos o casal tinham dois filhos. Sua família mora próxima ao refúgio Gandoca, para ela, o “local mais bonito do mundo”. Até que certo dia ela nota que alguns proprietários privados estão arruinando certas áreas do refúgio.
Suas tentativas iniciais se consistem em tentar descobrir quais leis realmente governam o refúgio. Que autoridade legal é responsável por ele? Ela contata várias autoridades – a Autoridade de Vida Selvagem, a Autoridade de Parques e várias outras. Sempre que ela parece descobrir quem é o responsável, parece que essa responsabilidade é transferida para outra agência.
Em suas investigações, ela descobre que uma empresa italiana – Ecodólares – vai construir o que chamam de hotel, mas é, na verdade, um grande desenvolvimento urbano, com estradas, casas, piscinas e assim por diante. Ela também descobre que uma francesa planeja construir, ao lado da casa de Daniela, um complexo de dezessete cabanas, um restaurante e uma discoteca, mas sem nenhuma estação de tratamento de esgoto.
A história de uma mulher solitária, enfrentando seus próprios problemas pessoais, lutando contra uma burocracia entrincheirada, desenvolvedores implacáveis e um sistema criado para defender os ricos e poderosos é bem contada. Daniela/Anacristina é claramente uma mulher corajosa e que só podemos admirar, e que conta a sua história com muita paixão.
La Loca de Gandoca causou um clamor nacional quando foi publicado, pois denunciou um complô secreto de funcionários do governo e investidores privados para desenvolver o Refúgio de Vida Selvagem Gandoca-Manzanillo, um dos locais com maior diversidade biológica no mundo e supostamente protegidos pela constituição da Costa Rica.
La Loca de Gandoca foi publicado originalmente em espanhol em 1991. O livro está disponível em espanhol na Amazon.
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