198 Livros, Paraguai

Livro do Paraguai – I, the Supreme | Projeto 198 Livros

Pensei que escolher o livro do Paraguai fosse ser uma tarefa fácil, mas a verdade é que deu mais trabalho do que eu imaginava. Fui buscar referências na lista da Camila Navarro porém notei que ela não havia sorteado esse país ainda.

Como eu sei que ela recebe varias sugestões de livros, mandei uma mensagem perguntando se ela teria alguma recomendação para esse país. Suas dicas foram Jose Perez Reyes e Monica Bustos, dois premiados autores paraguaios. O único problema foi que não consegui encontrar nenhum livro deles traduzido para o inglês. E eu ainda não leio em espanhol.

A minha segunda alternativa foi recorrer à lista da Ann Morgan, que é uma lista bem mais extensa. Pois além de ter todos os livros que ela leu para o projeto, ela listou também sugestões de livros de seus seguidores do mundo todo. Mas pra minha surpresa, Paraguai era um dos únicos países da lista com apenas um título. Foi ali então que decidi qual seria a minha escolha desse país.

I, the Supreme é um livro de ficção escrito pelo paraguaio Augusto Roa Bastos, o qual foi exilado por sempre manifestar-se sobre as questões sociais e históricas do Paraguai em seu trabalho. O livro expõe as ordens e os pensamentos íntimos de José Gaspar Rodríguez de Francia, ou Dr Francia, o primeiro ditador do Paraguai que governou de maneira rígida no período de 1814 até sua morte em 1840. O nome do livro faz uma alusão ao fato de que Dr Francia chamava-se a si mesmo de “El Supremo” ou “The Supreme”.

Sem sombra de dúvidas esse foi o livro mais difícil que eu já li em toda a minha vida. Os capítulos são compostos por parágrafos extensos que muitas vezes são diálogos entre personagens. Por exemplo, o ditador conversando com seu assistente pessoal Patiño. Não há identificação nenhuma onde termina a fala de um e começa a do outro, lógico que depois de um tempo você entende o tom do ditador e o do seu funcionário.

As estruturas dos capítulos são bem distintas, o que dificulta muito o entendimento do enredo. Algumas vezes são formadas por colunas simples ou em duplas, outras vezes começam com uma das descrições “Notas do Compilador”; “Em um maço solto”, “No caderno privado” entre outras. Então o tempo inteiro esse livro me desafiou a entender e a acompanhar essas peças de um quebra-cabeças.

Apesar de ser um livro de ficção e que não fala muito necessariamente da cultura ou dos costumes do Paraguai, esse livro despertou em mim a curiosidade para pesquisar mais sobre o período ditatorial no Paraguai, sobre as guerras (que eu nem sabia que haviam existido) e outros aspectos da história desse país.

Então, apesar de ter sido um livro difícil, eu fiquei muito feliz de ter tido essa oportunidade de ler uma obra considerada um fenômeno cultural da América Latina.

I, the Supreme foi publicado originalmente em espanhol, em 1974. O livro está disponível em inglês na Amazon.

No Brasil, o livro foi publicado em português com o título Eu, o Supremo e está disponível na Estante Virtual.

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